A preocupação com a proteção contra incêndio vai muito
além da questão da segurança. Um programa de proteção contra incêndio adequado, evita
prejuízos a imagem da empresa, mantem a lucratividade, gera segurança entre os colaboradores e melhora a performance
operacional da empresa. Nos países desenvolvidos, essa ideia é bem difundida e as organizações tratam a proteção contra incêndio como condição sine qua non para operar suas atividades. No Brasil, esse conceito ainda é
incipiente e a maioria das organizações não utilizam os métodos corretos, de modo a
encarar a questão como algo amplamente benéfico para toda a organização.
Em setembro de 1929, a revista O Clarão publicava como
matéria principal um incêndio ocorrido no teatro Carlos Gomes no Rio de
Janeiro. A matéria enfatizava as irregularidades dos sistemas protecionais contra incêndio do
teatro e as consequências nefastas que causou. O teatro era dotado de sistemas de
proteção arcaicos e sem manutenção, o layout
desfavorável e a falta de preparo dos funcionários. Com o título “O grande
incêndio ao Teatro Carlos Gomes é uma advertência ao povo carioca”, denunciava
o despreparo das organizações quanto a proteção contra incêndio. (ASSI,
2012)
Em 2013, o incêndio ocorrido na boate Kiss em
Santa Maria/RS ocasionando 243 mortes e a destruição total do local, mostra que o Brasil não tem levado o assunto a sério. As causas atribuídas
ao incêndio são as mesmas do teatro Carlos Gomes, revés ocorrido a 85 anos
atrás. Isso mostra a diferença abismal entre a gestão de riscos nos países
desenvolvidos e no Brasil.
Quando não há fiscalização, abre-se margem para o não cumprimento das leis e a impunidade. O primeiro passo para mudar deve ser dado pelo Estado fiscalizando os estabelecimentos para que as leis de segurança sejam cumpridas. Em caso de não cumprimento, deve-se haver punições severas. Parece básico, mas nada disso é feito no Brasil. A partir daí, é possível vislumbrar o início de uma mudança.
Na verdade, a mudança deveria ocorrer pela conscientização da importância da gestão de riscos, mas infelizmente seria "exigir demais" das organizações. Enquanto isso, infelizmente, ainda teremos outros reveses e não sabemos ao certo quando os programas de proteção contra incêndio terão o devido tratamento no Brasil.
Por: Leandson Albuquerque
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