terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Seguro de Inundação no Brasil

     Dizem que o Brasil é um país livre de catástrofes naturais, mas na verdade todo ano sofremos com perdas materiais e humanas oriundas de inundação. Somente nos últimos anos, podemos destacar os principais eventos extremos: Santa Catarina/2008, Amazônia/2009, Alagoas/2010, Rio de Janeiro/2010, São Paulo/2010, Região Serrana-RJ/2011, Angra dos Reis-RJ/2011, Blumenau/2012 e Espírito Santo/2013. Os problemas com inundação tem sido recorrentes, causando grandes perdas materiais e humanas. No que tange as perdas materiais, por não haver uma reserva financeira consistente, a maior parte das perdas são irreparáveis, prejudicando a sociedade e a economia. 

     As inundações no Brasil são mais frequentes principalmente por conta da alta ocupação nas zonas costeiras e próximas a rios, aliada as mudanças climáticas com aumento dos índices pluviométricos. Essas áreas estão mais expostas e o valor dos prejuízos torna-se mais significativo quando levamos em conta o aumento das atividades econômicas, da população e de seus ativos.

     A mitigação do risco requer uma ação conjunta de muitos:
  • Governos Locais;
  • Academia e pesquisadores;
  • Cidadãos e grupos comunitários;
  • Autoridades e parlamentares do governo nacional;
  • Organizações internacionais;
  • Setor privado.
     Hoje, existe uma deficiência de todos os envolvidos, agravando ainda mais a situação. Para suprir esse Gap, o seguro de inundação seria uma boa alternativa. Mediante o pagamento de um valor módico (ou nem tão módico assim, rs), o segurado protegeria seu patrimônio e os danos causados a terceiros. Aparentemente, o negócio é viável. Se observarmos, seguradoras americanas fazem seguro de furacão e terremotos, no Japão há seguros para Tsunamis ou até mesmo países economicamente inferiores ao Brasil, como México que faz o mesmo tipo de seguro nos EUA, em Bangladesh onde é feito seguro de inundação ou no Haiti que é feito seguro de terremoto. O problema é que o mercado de seguros brasileiro não se sente atraído por este tipo de oportunidade. 

     Do ponto de vista técnico, seria complicado analisar, gerenciar e precificar o risco de inundação no Brasil. Por mais que existam órgãos que monitorem os riscos de inundação, os bens materiais permaneceriam muito expostos. Para assegurar esses bens, o prêmio cobrado ficaria muito elevado. A Classe D é a mais exposta pelo risco de inundação e a contratação do seguro se tornaria dispendiosa. Muito provavelmente, a adesão seria baixa e a captação de prêmios seria insuficiente para quitar tantos sinistros. 
     O mercado de seguros no Brasil, semelhantemente a economia, é austero e adotar uma postura tão arriscada não é nossa característica. Comumente, as seguradoras trabalham de forma quase linear, as políticas de aceitação são muito parecidas e em muito casos, alguns riscos ficam excluídos do mercado. 

Uma questão a ser discutida é: Se em outros países são feitos seguros análogos ao de Inundação no Brasil, porque o mercado não estuda esta oportunidade para transforma-la em realidade? Existem muitos motivos pelo qual o seguro de inundação não é feito no Brasil. Os analistas de mercado acreditam que é factível auferir lucro com esse tipo de seguro, mas para o Brasil dar este passo precisa quebrar alguns paradigmas, criar produtos e coberturas simplificadas e aproveitar as oportunidades existentes.

Por: Leandson Albuquerque



Nenhum comentário:

Postar um comentário